terça-feira, 25 de outubro de 2016

Em doses homeopáticas...

Gosto de acreditar que a vida é feita de fases, de ciclos que se iniciam e terminam em determinado momento. Essas fases podem se sobrepor, se embolar, se dividir; acontecem quando mudamos de escola, de trabalho, entramos na faculdade, ou em algum curso, quando alguém morre, alguém nasce... Em 2014 eu iniciei um ciclo da minha vida, num momento que eu jamais imaginaria que aconteceria, pois foi meio aleatório. Estresse, muito trabalho, confusões da minha cabeça e alguns acontecimentos específicos no meu emocional me fizeram mergulhar em um momento complicado, quando perdi qualquer perspectiva do que poderia surgir dali pra frente. É engraçado como isso te atinge: em um dia você está bem, cuidando das suas coisas e sente um pequeno incômodo no peito, mas acha que é só cansaço. Vai passar... Você deve estar trabalhando demais. E aí você ignora e continua como se nada estivesse acontecendo. Chega um dia que esse aperto se torna maior e você passa a trabalhar mais, justamente para ignorá-lo. Não são as horas de sono, não é a quantidade de trabalho ou de coisas acontecendo na sua vida, descansar não fará essa sensação passar, então você faz de tudo para encobri-la. Até chegar o dia em que ela te atinge e você simplesmente não consegue sair da cama... Eu nunca fui de me deixar levar facilmente por enfermidades, mas quando essa fase me atingiu, resistir era a pior das dores. Eu me entendi com depressão na metade de 2014. Sair da cama era difícil, trabalhar não fazia sentido. Eu não estava triste, eu não estava feliz, eu aparentemente tinha perdido o controle de qualquer emoção consistente que eu achava ter. Eu chorava sem querer, eu comia, eu perdia a fome... Sorrir era automático, mas eu também não sabia porque. Foi nessa época que R5 surgiu pra mim. Eu digo surgiu porque eu já conhecia, mas por causa desse momento da minha vida eu passei a ouvi-los sempre. Quando eu sentia que eu ia me afundar naquele escuro confuso que eram minhas crises eu ouvia às músicas e via seus vídeos. Comecei a pesquisar sobre eles, conhecê-los melhor e me ocupar, eles me faziam bem e suas músicas me distraíam, alegravam, me davam alguma razão. Era novo e era muito estimulante.

Por conta deles eu conheci a Karen. Acabamos nos encontrando no twitter, por eu ter perguntado por alguém que iria na primeira turnê que eles fizeram no Brasil. No dia do show mesmo quase não nos falamos, mas depois que acabou começamos e conversar e acredito que não paramos até hoje. Descobri que a Karen passou e ainda passava por uma situação parecida, a sua maneira, mas ela entendia de alguma forma as coisas que eu sentia. Talvez até mais por estar nesse barco há mais tempo. Passou por momentos incrivelmente difíceis e pra mim existia identificação: eu a via como alguém que sentia o mesmo que eu, e que ao mesmo tempo não entendia tanto quanto eu. A gente passou a se ajudar e a tentar seguir caminhando juntas, sempre tínhamos uma a outra quando as crises aconteciam e por mais que não soubéssemos o que estávamos fazendo, nunca desistíamos uma da outra. E a R5 foi quem proporcionou isso. Sempre ouvindo suas músicas, sempre brincando sobre eles, procurando notícias e costurando nossas vidas ao som daqueles CDs, daqueles vídeos, daqueles irmãos (e do Ellington).

Eu entrei nesse caminho sem perceber e não vou sair, a gente aprende a perceber que o cuidado é todo dia, cada dia de uma vez. Alguns dias vão ser piores, outros melhores, mas o que conta é pensar em não desistir. E que de todos os remédios o melhor de todos é ter na sua vida pessoas que te encham de razões para seguir, e a música claro. Essa banda me deu muito mais do que uma coletânea de músicas que embalavam meus dias solitários, a R5 me deu a companhia da peça chave para que eu conseguisse passar por um momento muito complicado e chegar no dia de hoje. Aqui, viva e podendo me dizer incrivelmente feliz. Me deu momentos incríveis que eu uso pra valer todo e qualquer momento complicado. Me deu razão pra repeti-los.

Ouvi muito que ser fã, tiete, groupie (ou qualquer outro nome que você queira dar) era complicado. Que eu já era uma adulta e que eu teria coisas mais importantes pra me preocupar: sim, eu tenho. A vida não para, o mundo atropela a gente. O que essas pessoas não sabem é que se não fosse por todo esse carinho e amor que eles julgam infundado e infantil eu talvez nem estivesse aqui pra ser essa adulta que todos esperam.

A R5 (em especial, mas agradeço a todas as bandas e cantores de quem sou fã) me fizeram o que sou hoje e me fizeram querer sem mais. E me deram muito mais. E por isso, não há nada nesse mundo que dê conta da gratidão que eu tenho no meu coração – batendo, forte, e sempre em frente.

"I'm screaming -Doctor, doctor, bottle it up! I'm a believer, believe me, this love is a drug"
Doctor Doctor - R5

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