domingo, 30 de outubro de 2011

As sem razões do amor - Carlos Drummond de Andrade

Eu te amo porque te amo.
Não precisas ser amante
E nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
E com amor não se paga.
Amor é dado de graça,
É semeado no vento.
Na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
E a regulamentos vários.
Eu te amo porque não amo
O bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
Não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
Feliz e forte em si mesmo.
Amor é primo da morte
E da morte vencedor,
Por mais que o matem (e matam)
A cada instante de amor.

Esse é simples: Não é meu.

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